Avila
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31.05.2014 - 31.05.2014
13 °C
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2014 Espanha
no mapa de viagens de Akemi Nomura.
Oi! Se vc estava lendo o post anterior, sabe que eu estava vindo do centro de Madri para estação de Chamartín. Se você não estava lendo, não faz a menor diferença porque eu já falei o que aconteceu, hehe. Cheguei em Chamartín às 14h40. Como eu procurei em vários blogs e nenhum me detalhou como comprar a passagem na maquininha, vou explicar da forma mais lusitana possível. Antes, uma foto pra ter ideia do destino.
Primeiro, me dirigi às várias máquinas da Renfe que tinham lado a lado na estação. Sempre coloco a máquina em inglês, acho mais fácil. Fui seguindo os passos lusitanos, e selecionei Madrid-Avila. Porém, só apareciam horários à noite. Não entendi o que eu estava errando. Repeti o processo e deu a mesma coisa. Como não estava a fim de errar de novo, já ia pra fila pra comprar o ingresso com um "humano", quando virei e me deparei com umas máquinas vermelhas (essas eu já sabia que era do trem de cercanías) e tinham duas máquinas da Renfe que estava escrito "média-distância". Ahhhh, será? Bom, fui lá tentar e consegui! Ueba! Ticket para às 15h45, tenho tempo pra comer dessa vez.
O trem é bem parecido com os de alta velocidade AVE e Avant, só que não é de alta velocidade, snif, snif. E não tem o esquema raio x e controle de passagem que nem os de alta velocidade. É o tradicional carinha conferindo as passagens e fazendo aquele furinho. Se fosse trem de alta velocidade, dava pra fazer em meia hora, mas esse trem vai ser em 1h30. Mas por €9,60 cada trecho, tá bom, né? Eu imagino que tem gente que deve pensar: "o que essa louca está indo fazer em Avila tão tarde?". Ávila, ao contrário de Toledo, é minúscula. E esses dias só escurece depois das 22h, então, tenho certeza de que vai dar tempo para ver tudo.
O trem apesar de não ser rápido, só tinha uma parada antes de chegar à Ávila. Dos trens lentos que eu já peguei, esse com certeza foi o melhor. Olha só, eu não gostei muito da paisagem da Espanha vista de nenhum dos trens. Já vi tantas paisagens bonitas, por exemplo, entre Inglaterra e Escócia, ou na Toscana, ou entre Áustria e Alemanha. Aqui não achei nada de especial. Quer ver?
Ávila, assim como Segovia, fica no "reino" de Castela e Leão. Sabe o que me trouxe à Ávila? História! Se o diferencial de Segovia era o Aqueduto, o diferencial de Avila é sua muralha. É considerada uma das mais bem preservadas da Europa. Será? Veremos! Ávila também é conhecida como uma das cidades com o maior número de igreja por habitante na Espanha. A sua antiga cidade medieval, assim como Segovia, foi declarada Patrimônio Mundial pela Unesco em 1985.
Fui seca pela ideia de conhecer as muralhas. Aí você pensa, "toda cidade medieval tem sua muralha, oras". Mas a de Ávila é diferente, é completa, é visível. A cidade não "grudou" em seus muros. Dizem que ver as muralhas iluminadas é um espetáculo a parte. Sim, deve ser. O problema é que só escurece depois das 22h e o último trem pra Madri sai antes desse horário.
Ok! Tenho que confessar que apanhei na chegada em Ávila. As pessoas podiam explicar melhor em seus blogs, né? Hahahahaha. Achei que fosse seguir alguém, como em Toledo, ou ter Informação ao Turista, como em Segovia. Só que não foi uma coisa nem outra. Não tinha gente com cara de turista descendo ali. Tentei andar um pouquinho, pra ver se via algum sinal da muralha e nada! Um vento frio cortava o rosto, caracas! Não teve jeito, voltei para estação e peguei um táxi até a Catedral. Essa não tinha erro, toda cidade medieval tem uma Catedral, rs. O táxi até lá saiu por €5,60.
Na entrada das "Carnicerías" já tinha um centro de informação ao turista, e já peguei um mapa. Ali mesmo já subi as escadas para as muralhas. A entrada custa €5 com áudio guia. E áudio guia espertinho, não precisa apertar botão nenhum, ele reconhece onde você está e já conta a história. A subida é fácil. Não é alto, a última escada é que é meio irregular, tem uns degraus bem altos, mas nada grave.
Uau! Realmente, valeu vir à Ávila. A vista dali, com a Catedral e suas paredes escurecidas dá um tom um pouco "sombrio", mas, especial. Viagem no tempo total. Super mega master top ultra gostei daqui. O que quase acabou comigo não foi a caminhada, foi o vento frio. E bota frio nisso. E bota vento nisso. Não estava preparada para isso. Mas resisti até onde deu! Olha os cabelinhos ao vento...
Durante a caminhada, você ouve algumas histórias. Teve um episódio interessante. Uma vez, o exército de defesa não estava na cidade. Com a cidade desguarnecida, um exército inimigo se aproximou para tentar conquistá-la. Sabendo da ameaça e sem tempo para pedir ajuda, D. Jimena Blázquez, esposa do prefeito, convocou as mulheres da cidade a se vestirem como homens, subirem nas muralhas com tochas e fazerem barulho, muito barulho. Dessa forma, enganaram o exército inimigo e a cidade estava a salvo.
A caminhada completa na muralha não tem nem tem 3km. O percurso do turista é metade. É fácil, nem meu medo de altura foi problema. Só que, como meu tempo era curto, depois de uns 800m eu voltei pela muralha mesmo, pois a parte final não tinha tanta graça, a cidade era muito "moderna". E era uma puta descida, hehe. Eu sei que descer é fácil, mas eu ia ter que subir depois, rs.
A muralha foi construída no século XII, em "apenas" nove anos, um recorde para a época. Sua função em primeiro lugar era defesa, claro. Porém, servia também como cordão sanitário, fronteira fiscal e suporte de outras edificações. Os pobrinhos? Ah, esses não moravam dentro das muralhas não... Lá das torres você vê onde eles moravam. As muralhas tem 9 portas, sendo as de San Vicente, Carnicerías e Alcazar mais sensíveis à ataques, pois saíam para planícies.
Desci pela mesma porta que eu cheguei e entrei na cidade onde estava a Catedral. É a mais antiga catedral gótica da Espanha e está incorporada à muralha. Deixei pra entrar na volta. Optei por dar uma volta na cidade primeiro. E como o tempo é curto, meu trem de volta partia às 19h58, a ideia foi degustar Ávila sem legenda, simplesmente andando.
Fiz um caminho por dentro da cidade passando pela "Plaza del Mercado Chico", onde estava o Ajutamiento e vários lugares bacaninhas. Segui por uma rua que deve ser mega movimentada, mas, por talvez ser sábado às 19h e pouco, tinha muita coisa fechada. Parei na igreja de San Isidro. Mesmo esquema, arquitetura gótica e tals, mas o que me chamou a atenção foram suas paredes escuras.
Mas um lugar eu acho que é imprescindível visitar. De ontem pra hoje, lendo alguns posts sobre Ávila, eu descobri que foi aqui que nasceu Santa Teresa de Jesus, fundadora da Ordem das Carmelitas Descalças. Entrelaçando os caminhos das ruelas da cidade velha, cheguei no Convento. Dizem que foi aqui que sua família viveu e, dentro da igreja, tem uma capelinha linda, linda, linda, que seria o ligar em que ela nasceu.
Aí vão dizer que era perseguição, mas o que havia dentro da capelinha quando eu cheguei? Uma excursão! E o lugar era minúsculo. Ok, missão de paz, cheguei depois, vou esperar. Quando eles saíram, entrei eu e mais uma família gringa, falante de inglês. Curti a capelinha do meu jeito e.... Esqueci da hora! Eram 19h40 e meu trem saía às 19h58, lembram? Não foi culpa de Santa Teresa ou da excursão, foi porque eu enfiei na cabeça que o trem era às oito e meia, só que oito e meia era o trem de amanhã. Aí, tentei ver se teria chance de pegar o trem.
Saí em disparada, atropelei a excursão que saía lentamente da igreja, e fui, fui, fui.... me perder!!!!! Ahahahaha.... Com a panturrilha dura, só me restou rir da situação! E quer saber mais? Ainda saí em outra porta que eu nem fazia ideia onde estava. Depois, olhando o mapa, eu vi que estava na Porta del Alcazar, que junto a Carnicerías e San Vicente, eram as principais da cidade. Na frente, a Igreja de Pedro, o Apóstolo.
Ok! Uma vantagem de ter errado é que eu saí em frente a um ponto de táxi, coisa que eu não tinha visto na outra entrada. Aí veio a dúvida, desencano e fico mais um pouco ou volto pra estação aproveitando o único táxi que estava no ponto? Opção B. Foi um momento de fraqueza, eu sei. Era receio desse táxi sair e, naquela cidade minúscula, eu não conseguir outro meio fácil para ir pra estação. Além do mais, eu estava congelando... Foi um fator decisivo.
Cheguei na estação às 20h05. Isso mesmo, 7 minutos depois. Fui pras maquininhas e vi que tinha o trem de cercanías às 20h15. Ok, vai ele mesmo. A diferença do trem que eu vim para Avila? É um pouco mais simples e para muito. O que levou o percurso a ser mais de 2h. Mas tudo bem, mais uma sensação de dever cumprido. Às 20h15 do dia, como podem ver, o trem partiu de volta para Madri.
Acho que eu falhei com Ávila! A cidade merecia mais da minha atenção. Subestimei o valor do lugar e o tempo que eu tinha. Se eu fosse recomendar um bate e volta aqui, eu recomendaria um dia inteiro pra fazer sem correria. Não seria tão intenso quanto Toledo, seria mais como Segovia. Degustar cada lugar sem pressa. E não adianta chegar antes das 10h. Tá tudo fechado. Não saio frustrada porque fui nas muralhas (isso me deixou feliz), mas saio com gostinho de "podia mais". Foi mal Ávila!
Publicado por Akemi Nomura 04:16 Arquivado em Espanha
Prima, gostei muito de suas narrativas de todo percurso de sua viagem desde a compra das passagens até a sensação de perder o trem de volta. As muralhas são maravilhosas e foi muito bom conhecer esta cidade através de seu blog. Nota 10. Bjs querida.
por Carlos Soares