Estremadura e Ribatejo

Bom dia Lisboa!!! Pensa numa pessoa que acordou no susto hoje... "Acorda! Já são quase nove horas!". E pula da cama, em dois tempos eu já estava arrumada, tomando café. Carlinhos acordou cedo e pacientemente esperou a família adormecida. Mas o tempo passava e nada... E liga a TV... E nada... "E eu abria a janela pra ver se levantava, se cobria mais e continuava dormindo", hahaha.... Saímos de Lisboa já eram umas 9h30, e ainda pegamos trânsito na estrada.

FÁTIMA

Chegamos em Fátima pelo GPS. Carlinhos colocou "Caminho dos Pastorinhos" e chegamos numa rotatória que tinha um monumento aos três pastorinhos, Jacinta, Francisco e Lúcia. Tinha a saída de um estacionamento, a entrada era pelo outro lado. Daí, o seguinte diálogo ocorreu no carro:
Papai e Carlinhos: "Entra aqui, entra aqui"
Mamãe: "É contramão gente, tem placa"
Papai: "Tem placa, mas a gente não viu..."
Eu: "kkkkkkkkkkkk"

Se eu não me engano, foi a Marília que me falou do Caminho dos Pastorinhos. É um Caminho representativo do percurso percorrido por Jesus Cristo carregando a Cruz, desde o Pretório de Pilatos até ao Monte do Calvário, episódio da Crucificação. Ma, era exatamente o que você falou. É um lugar peacefull. Um silêncio, uma tranquilidade. Fui empurrando a cadeira e batendo papo com papai. Carlinhos e mamãe vinham junto. Só tinham dois pequenos detalhes, o caminho era longo e o sol era escaldante. Aquele meu leque do trabalho fez falta. No fim, está uma região onde teria tido a aparição do anjo, e a quarta aparição de Nossa Senhora de Fátima. Então, vamos de carro pra ganhar tempo?

Pegamos o carro e seguimos pela rua dos Pastorinhos onde paramos na primeira casa, onde viveram os irmãos Francisco e Jacinta. Pelo jeito era todo mundo baixinho naquela época. A casa retrata bem o início do século XX. Essa região é cheia de lojinhas, aproveitei e comprei a santinha pra D. Carlota, mãe de um amigo do trabalho.

Logo mais abaixo, estava a casa de Lúcia, a terceira criança. Lúcia viveu até 2005. A casa era simples, como a dos irmãos Francisco e Jacinta. E saindo pelos fundos, seguindo um caminho, chega-se no local onde teria sido a quarta aparição de Fátima. Gente, que calor! Aquele leque continua fazendo falta aqui.

Seguimos até o Santuário. Nossa, a vida de carro aqui é bem fácil. Se tivéssemos sem carro ia ser sofrido. Conseguimos estacionar bem perto do santuário. Papai disse que não queria ir, mas ele não tinha esse poder de decisão, haha. Montamos a cadeira e lá fomos nós. No pátio na frente do Santuário estava tendo uma missa no local onde foi a tal Cova da Iria, e onde chegavam pessoas de joelhos.

"No dia 13 de Maio de 1917, três crianças tomavam conta de um rebanho de ovelhas numa serra em Portugal, na região de Fátima, mais precisamente na Cova da Iria, onde Lúcia de Jesus Santos (de 10 anos de idade) e seus dois primos (Jacinta Marto e Francisco Marto (de 7 e 9 anos), foram surpreendidos na gruta onde brincavam, por um vulto luminoso donde se distinguia uma figura feminina muito bela, com um ramo de flores nas mãos, sorrindo docemente para as crianças, dizendo para que não se assustassem". Fonte: Fátima e seus segredos

Fomos então pro Santuário. Depois de errar o caminho de acesso a cadeirantes, fomos ajudados por um casal brasileiro e nos encaminhamos pela lateral do Santuário para ver o altar. Estava em reforma, uma vez que em 2017 completarão 100 anos da aparição de Fátima e eles já estão se preparando para as comemorações. No interior, um altar relativamente simples. Do lado direito, o túmulo de Francisco, do lado esquerdo, os túmulos de Jacinta e Lúcia.

Missão cumprida (ou promessa cumprida) em Fátima, vam'bora pra próxima... batalha?

BATALHA

Batalha foi uma indicação do Eurípedes, amigo do papai. Fica a 25 minutos de Fátima. Não foi muito difícil achar o mosteiro, ao chegar na cidade foi só ir... indo...

O Mosteiro de Batalha, ou a abadia dominicana de Santa Maria da Vitória, é Patrimônio Mundial da Unesco. Como eu aprendi na Espanha, a arquitetura é gótica. O mosteiro foi construído para comemorar a vitória de D. João I sobre Castela na batalha de Aljubarrota. Ela começou a ser construída em 1388. Logo na entrada está o túmulo do arquiteto.

Lá dentro fui levando a cadeira e parei na porta do claustro. Parece que precisava pagar pra entrar. Já estávamos desencanando quando a mulher olhou pra mim e falou: "pode entrar". Parece que aqui em Portugal cadeirante e acompanhante não pagam. E fomos nós dois claustro adentro. Um pouco depois mamãe e Carlinhos entraram rindo: "você foi esperta, além de não pagar nós dois pagamos a metade". Sério, não foi por mal, sem querer o aluguel da cadeira já foi pago.

Ali foram enterrados dois soldados desconhecidos da Primeira Guerra Mundial. Saímos para a parte das Capelas Inacabadas. Papai já tinha comentado lá fora que parecia que tinha acabado o dinheiro e a construção parou pela metade, rs. Pior que eram inacabadas mesmo. Parece que a construção desse mausoléu octogonal foi abandonado por Manuel I em favor do Mosteiro dos Jerônimos, em Belém. Atenção
Ara os detalhes e para o túmulo dos reis de mãos dadas.

ALCOBAÇA

Quando estava planejando Portugal ano passado, eu tinha lido sobre o Mosteiro de Alcobaça. Já estava até marcado no guia. Tinha certeza de que papai ia gostar de lá. Achei que a história do lugar ia agradar. E parece que eu acertei. O Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça tem arquitetura simples, mas uma história loooonga. É simplesmente a maior igreja de Portugal, foi fundado em 1153, e também faz parte do Patrimônio da Humanidade da Unesco.

A entrada para cadeirantes é pela lateral. E como em Batalha, cadeirante e acompanhante não pagam. E fomos por ali, entrando pela cozinha. Da cozinha, seguimos pelo claustro, que era até mais simples do que o de Batalha. Passamos pela Sala dos Reis, repleta de azulejos do século XVIII, e representam a fundação da abadia, com estátuas de reis portugueses nas paredes.

Mas o "que" da visita ainda estava por vir. Nas laterais do altar estavam os túmulos de D. Pedro I (aqui de Portugal) e sua amante Inês de Castro. Essa história vale a pena contar. É de levar a Dani às lágrimas, hehe. Brincadeira, é uma história muito bonita. Pedro, filho e herdeiro de Afonso IV, por razões de Estado, foi obrigado a se casar com Constança, princesa de Castela. Porém, ele era apaixonado por Inês de Castro. Aí um dia Constança pluft, morreu. Pedro que não era bobo, pegou Inês e foi viver com ela em Coimbra. Mas aí uma galera da corte ficou fofocando no ouvido do rei Afonso IV, falava que a família dela era perigosa, coisa e tal. Aí o rei pra proteger seu "filhinho", ou seu reino, sei lá, mandou matar Inês no dia 7 de janeiro de 1355. Mas aí, nego, um dia o rei ia morrer. E morreu! Aí Pedro assumiu o trono como Pedro I, e a casa caiu pro lado dos assassinos da Inês. Simplesmente mandou matar arrancando os corações, ui. Mas não acabou, ele ainda mandou desenterrar Inês, a coroou como rainha e obrigou a corte ajoelhar-se diante dela e beijar sua mão já decomposta, atghhhh.... Mas agora, agora Inês é morta! Snif, snif...

NAZARÉ

Depois de um roteiro turístico religioso, não podíamos terminar em outro local senão... Nazaré!!!! Só que o escopo era outro. Era ver as ondas gigantes, que não vimos porque era só no inverno. Também procuramos o pastel de Santa Clara, que as meninas da praia não sabiam o que era, haha. Por fim, seguindo as anotações do irmão, fomos atrás da sardinha. Essa deu certo! E papai nem hesitou no pedido, rs. E comeu bem, que bom. Vale destacar o diálogo do Carlinhos com o garçom, ahhh, a simpatia lusitana, haha:
Carlinhos: "Esse prato dá pra dois?"
Garçom: "Esse prato é individual"
Carlinhos: "Mas eu posso comer do dela?"
Garçom: "Você que sabe"

Ver esses três fazendo bagunça no fim do dia, não tem preço...

P.S.: Esperando ser zoada nos comentários em 3, 2, 1... Boa noite! Haha #piadainterna