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Óbidos, Mafra e Sintra

Round trip

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Lembro que quando eu estudava para o vestibular em 1998, no Objetivo da Rebouças, eu tive que ler Camões. Achei que eu ia odiar, pensei que fosse um português rebuscado, chato. Mas me surpreendeu, eu amei. Os sonetos de Camões foi um dos melhores livros que eu já li. Nessa época também, eu conheci mais de Fernando Pessoa. E ontem, passeando pela Torre de Belém na foz do Tejo, eu lembrei do poema "O rio da minha aldeia". E eu não podia voltar sem Fernando Pessoa que eu gosto tanto.

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Amanheci junto com o alarme, às 7h. Pulei, me troquei em dois tempos, a casa já estava quase pronta. Fomos tomar café e arrumamos as coisas para sair rapidinho. Acho que eram umas 7h30 quando saímos em direção à Óbidos. O trajeto era de cerca de 1h. Chegamos lá e esperamos pra ver se chegava o pessoal de informação ao turista porque tinha aluguel de uns carrinhos elétricos que pareciam bem legais. Mas esperamos, esperamos, e esperamos e o pessoal dos carrinhos não apareciam. A moça da informação deu as dicas do caminho para ir com cadeira de rodas, eu simplesmente virei pra mamãe e comecei a repetir o que a mulher falou, ou seja, eu estava traduzindo de português pra português... Dãhn....

Óbidos é uma cidade medieval, cercada de muralhas do século XIV. Óbidos era um dos presentes que o Rei Dinis deu à esposa Isabel de Aragão quando se casou em 1282. Já foi um importante porto, mas, hoje assoreado, perdeu seu relevância estratégica. Isso economicamente, porque turisticamente Óbidos é um tesouro arquitetônico. Entramos pela Porta da Vila, a porta principal. O lado de dentro é revestido de azulejos do século XVIII.

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Seguindo, fomos pela rua Direita, a principal da cidade. Por ela era possível seguir de cadeira de rodas. E lá fui eu. Aqui é a rua das lojinhas, comidinhas, enfim, como toda cidadezinha européia, medieval ou não. É muito gostoso andar aqui. O estilo português das casinhas da um tom leve pra rua. As cidades medievais que eu já fui eram mais pesadas, escuras. Aqui não...

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Chegamos na Praça de Santa Maria, onde tem um pelourinho decorado com uma rede de pesca, emblema de D. Leonor, mulher de D. João II. Ela escolheu esse símbolo em homenagem aos pescadores que salvaram seu filho de um afogamento. Na parte de baixo da praça está a igreja de Santa Maria. Aqui se casou o futuro Afonso V com sua prima Isabel, em 1441. Ele com 10 anos, ela com 8 anos. Parece que o templo remonta ao século VIII, quando a região era tomada por visigodos. No século XII passou a ser igreja e nos séculos XVI, XVII e XVIII passou por grandes mudanças na arquitetura, colocação de azulejos e pinturas, respectivamente.

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Subimos e fomos na direção do Castelo, no fim da rua. Ele foi construído depois que Afonso Henriques tomou a cidade dos mouros. Hoje é uma pousada, mas vale ir lá no fim subir nas muralhas. É uma cidade legal mesmo. Óbidos tem uma cara própria, gostei! Eu subi em uma parte da muralha. Aqui é mais "in natura" que Avila, ou seja, subi com medo. Mamãe já saiu pulando nas pedras, haha. Na hora de descer, protagonizei uma cena meio ridícula. Estava indo descer e pra não pagar "muito" mico, deixei uma gringa ir na minha frente, já disse que estava com medo. Ela perguntou em inglês se eu queria ajuda. Nossa, que bom que eu falo inglês, rs, aceitei na hora, haha. E lá fui eu descendo com a ajuda da gringa. Não tava nem aí, meu medo era maior, hehehe.

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Na volta, passou uma família brasileira falando: "Vamos, acelera, só temos 5 minutos. Depois o ônibus vai embora aí eu quero ver". Essas pessoas que viajam em excursão não sabem como é bom fazer as coisas sem compromisso, com liberdade. Sério, dá pena... Paramos pra um lanchinho e contei o fato, todo mundo concordou. Seguimos pelas lojinhas, comprando quinquilharias, comprei licor de ginja pro Xu e pro Fofo, bombons, comprei um leque (algo útil, diga-se de passagem) e eu e mamãe ficamos namorando um negócio pra irmã e decidimos comprar. Irmã, espero que você goste!

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Aí rolou uma trollada pelo meu próprio pai. Explico: na volta, mamãe entrou numa loja, papai e Carlinhos estavam indo na frente, e, como eu achei que mamãe ia demorar, eu desci nu a igrejinha logo abaixo, a Igreja de São Pedro. Fotinhas e tal, e, quando voltei, vi papai e Carlinhos parados mais à frente rindo. Rolou o seguinte diálogo minutos antes:
Carlinhos: "Tô preocupado com a Akemi, ela sumiu"
Papai: "Preocupa não, ela tá com pouco dinheiro, logo logo aparece"
Kkkkkkkkk... Palhaço!

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Ok, missão cumprida, pé no caminho. Próxima parada: Mafra. A grande atração dessa vila que faz parte da grande Lisboa é o seu gigantesco palácio barroco. E quando eu falo gigantesco, é gigantesco mesmo. Mas estava na hora do almoço, e bem na frente do Palácio tinha um restaurante, onde pedimos um bacalhau à moda da casa. Guardem esse nome, restaurante Sete Sóis em Mafra. Vale à pena! Que bacalhau delicioso, que dia lindo, que vista fantástica. Ainda fomos no fradinhos e comemos uma queijada, que estava deliciosa, mas, mais tarde saberíamos que não era bem assim...

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D. João V foi o monarca mais extravagante de Portugal. E não hesitou em construir um palácio monstruoso. Gente, andamos muito lá dentro. Sério mesmo! No começo a gente vai devagar, olhando com calma, sobre pro segundo piso, passa pelos aposentos do rei. Aí começa um monte de salas, uma atrás da outra, e parece que não acaba. E andamos horrores até chegar no outro extremo. Ainda fomos até a biblioteca que é organizada e lindíssima. Talvez o aposento mais bonito do palácio. Mas os demais eram de decorações bem simples. Enorme, é verdade, mas bem simples. Pra quem já viu Versailles, Schonbrunn, Catarina, realmente esse palácio deixa um pouco a desejar.

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Ah, não falei da Catedral que tinha bem no meio. Essa parte mostra como o rei era extravagante. Um palácio desse tamanho pra vir de vez em quando...

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Saímos de lá e fomos até papai, que deixamos dormindo no carro. E dali, fomos pra próxima parada, Sintra. O percurso foi rápido, era muito perto. Fomos direto pro Palácio da Pena, uma das atrações da cidade. E fomos subindo, subindo, subindo. Subimos uns 5 km quase. Chegamos lá em cima já eram 17h40. Mas, olha, que atendimento viu? Desde a hora de estacionar, o cara levou papai até o ônibus. O ônibus era adaptado pra cadeira de rodas. Lá em cima, foi meio difícil a subida, mas conseguimos. Chegamos faltando 15 minutos pra fechar a entrada pra parte interna do palácio. O pessoal lá foi super solícito. Não ia dar pra conhecer tudo mesmo, mas pelo menos deu pro papai ver um pouco da parte interna. A moça lá em cima virou nossa guia. O nome dela era Andreia. Ela explicou que ia ser difícil o acesso lá dentro por causa das escadas, ou melhor, o pessoal lá na entrada também tinha avisado. Mas eles facilitaram as coisas, de forma que a gente veria só o primeiro piso e sairia pela entrada.

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E lá fomos nós com a Andreia a tira cola explicando tudo. A influência moura que D. Fernando trouxe pra construção do palácio, da vida que D. Carlos e D. Amélia levavam ali, a decoração simples do quarto do rei e luxuosa do quarto da rainha. No final, eu e mamãe subimos rapidinho no segundo piso. Eu dei a volta rápido e desci. Já mamãe, sumiu!!! Ahahahaha... Ela seguiu o povo que estava lá e foi pra saída. Mas, de novo, o pessoal que trabalha lá deu um show. Se comunicaram e logo logo a situação estava resolvida. E saímos todos felizes pelo local e pelo excelente atendimento. Mas ainda por fim, ainda teve o Pedro, o motorista do ônibus que levou a gente. Ele colocou a cadeira no carro com uma habilidade e brincando o tempo inteiro. Ajudou e deixar o dia com uma ótima impressão!

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Na saída, a busca pelos travesseiros de Sintra e pelas queijadas também. Dicas da Dani. Aí, a mulher falou que o que a gente comeu em Mafra não eram queijadas, eram "delícias" apenas. A queijada mesmo era de Sintra, e lá saímos nós com o travesseiro (que dom o tempo virou almofada), pastel de sei lá o que, queijada e outras delícias portuguesas. Doce forma de acabar mais um dia proveitoso em Portugal.

Publicado por Akemi Nomura 22:58 Arquivado em Portugal

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