Évora / Lisboa
Tá chegando a hora...
12.09.2014 - 12.09.2014 28 °C
Hoje tocou no rádio aqui em Lisboa: "I'm the man, I'm the man, I'm the man, yes I am, yes I am, yes I am". Recordando a Flórida 2014. Só quem esteve no evento "Correrredoria na Disney" vai entender, hahahaha...
Ontem esqueci de falar o lance dos telemóveis que vão a banhos. Simplesmente significa que os celulares vão baixar de preço, acredita? Hahaha... É muito engraçada essa diferença... Tem horas que eu acho que inglês é muito mais fácil.
Bom, vamos lá... Hoje o destino foi o Alentejo. Essa região ocupa quase 1/3 de Portugal. Várias cidades nessa região foram fundadas pelos romanos que valorizavam essas terras "além do Tejo". Não é difícil ver aquedutos que introduziram um moderno sistema de irrigação para superar a aridez do solo. Hoje, principalmente na região próxima à Évora, fica a rota do sabor. Dezenas de Quintas para degustar as vinhos da região. É bom agendar pela internet em alguma adega, pois na hora é muito difícil conseguir fazer um tour.
Fomos direto para Évora, que eu já tinha ouvido falar, mas não tinha informação nenhuma. Chegando lá foi fácil perceber suas características medievais, uma grande muralha cercava a cidade. Eu adoro cidades medievais. Elas são meio parecidas, mas muito diferentes.... Rs. Já deu pra perceber que as cidades medievais portuguesas tem um tom mais leve. As casas são clarinhas, com toques coloridos. Já na Itália e Espanha elas são mais escuras, mais pesadas. De grande importância na época dos romanos, Évora hoje é Patrimônio Histórico da Humanidade, reconhecida desde 1986.
Chegamos na cidade e passamos pela praça do Giraldo. Só que era impossível parar ali. Muitas áreas ali eram destinadas aos moradores. E as que eram permitidas para os turistas, ou não tinham vagas, ou estava muito afastada do centro. Aí não tem jeito, pra explorar tem que ser a pé. Só que como toda cidade medieval requer um certo esforço físico (subidas e descidas), e pro papai não ia rolar. Deixamos ele descansando no carro e fomos andando até a praça do Giraldo.
Praça movimentada, tem no centro uma fonte construída em 1571. Tem uma forte herança moura e dizem que o nome originou de "Geraldo Sem-Pavor", um criminoso que teria expulsado os mouros para o rei Afonso Henriques em 1165. Em 1483, o duque de Bragança foi decapitado aqui e em 1573 uma pessoa foi queimada na fogueira da Inquisição. Ui! Tensa a história daqui, hein.... Aqui também está a igreja de Santo Antão.
Em torno da cidade está o Aqueduto da Água de Prata, construído entre 1531 a 1537. A importância dessa obra se reflete na literatura portuguesa, pois está descrito na famosa obra "Os Lusíadas", de Luís de Camões. Ele que levava água até a praça do Giraldo. Foi danificado no século XVII, mas ainda tem um trecho remanescente.
Tem mais coisa legal aqui em Évora, mas deixar papai sozinho no carro não ia ser legal. Pegamos então informações da Adega da Cartuxa. O português é bem solícito, só que ele explica tanto que confunde. Ou seja, erramos 479 vezes. Até o GPS levou a gente pro lugar errado e quase invadimos a clausura do convento da Cartuxa, hahaha. Esse vinho parece que é bem conhecido na região, mas, como eu disse antes, sem reserva, sem tour. E cada taça de vinho era €5 pra degustar, então... Bora comprar no supermercado? Hahahaha... #maodevaca
Pegamos a estrada pra Belém. Não podíamos sair de Lisboa sem conhecer o mosteiro dos Jerônimos. Pelo menos foi o que minha prima Patrícia falou. Hehehe. E pra não perder tempo almoçando, fizemos um lanchinho no Pingo Doce antes de voltar para Belém. Pra chegar nessa região de Évora vindo de Lisboa a gente passa pela Ponte 25 de abril. Essa ponte suspensa foi inaugurada em 1966 e liga as cidades de Lisboa e Almada. Meu amigo, dependendo do horário tem um trânsito. Ainda bem que a gente só pegou contra-fluxo.
E estamos de volta a Belém. Estacionamos na frente dos Mosteiro dos Jerônimos. É a chamada arquitetura Manuelina. Ficou sob os cuidados da Ordem dos Jerônimos até 1834. Gente, fazia tempo que uma igreja não me deixava embasbacada. Que coisa linda! Ela conseguiu fugir do trivial. É difícil explicar, sei que as fotos não vão ser suficientes pra isso. Mas, sério, eu amei o lugar. Valeu o incentivo Patrícia! Rs.
Logo que entra, indo pelo lado direito, eu vibrei. Estava lá simplesmente o túmulo de Luís de Camões. Eu, que não sou uma pessoa que lê muito, amo Luís de Camões. Eu já falei isso, né? E estar ali pertinho me deixou eufórica, haha.
Do outro lado estava o túmulo de Vasco da Gama. Nada mais justo, o mosteiro foi construído em grande parte com o lucro das especiarias e impostos sobre o ouro, e Vasco da Gama teve papel fundamental nisso. É um herói português.
Pra quem já aprendeu um pouquinho de arquitetura, foi fácil identificar as abóbadas góticas do teto. Lá dentro está o túmulo vazio de D. Sebastião. O jovem rei nunca voltou do campo de batalha. Na parte externa está a espetacular porta sul e sua "exagerada" decoração.
Dali, fomos para o claustro, que fica na lateral. Eu comecei a observar o claustro na Espanha, que até então eu chamava de "aquele negócio quadrado com um jardim no meio do lado da catedral". Hoje eu já sei que claustro faz parte da arquitetura religiosa, que o termo "clausura" vem daí, aquele lance de vida de freiras, monges, etc. Eu adoro claustro. Acho um lugar muito peacefull! É uma tranquilidade só passear por ali. E o claustro dos Jerônimos é divino!
Pra completar a minha felicidade literária, quem estava em seu descanso eterno no claustro? Ele, o inigualável, o absoluto, o melhor de todos, Fernando Pessoa!!! Sério, eu adoro esse cara. E ele está aqui, ou melhor, seus restos estão descansando aqui, no claustro, em paz. Obrigada Fernando por existir!
Aí rolou um desespero pra ir no museu da Marinha, não sei porque. Dava tempo de curtir o claustro mais um pouquinho. Mas enfim, fomos no outro museu que tinha a Era dos Descobrimentos. A parte legal era o mapa dos portugueses naquela época, além de ver de perto como os portugueses eram peitudos de se aventurar nesse marzão com a tecnologia que eles tinham naquela época. Na parte final, um trecho com embarcações reais, tinha um galeão usado pelo futuro D. João VI e Carlota Joaquina quando se casaram.
Na saída, rolou um split. Eu e papai saímos por um lado, mamãe e Carlinhos pelo outro. Aí, enquanto eu e papai tomávamos uma Coca Cola na "cafetaria" esperando eles saírem, eles estavam lá fora procurando a gente, rsrs. E fomos mais uma vez nos Pastéis de Belém. Aí, era entrar, achar uma mesa no fundo, sentar, pedir pastéis e bater papo. Sem pressa, sem horário, sem vontade de dar a última mordida. A vida sem esses pequenos prazeres não tem a menor graça.
Antes de seguir, uma parada próximo ao monumento Padrão dos Descobrimentos. Construído em 1960 para celebrar o quinto centenário da morte de Henrique, o navegador. O monumento homenageia figuras históricas na Era dos Descobrimentos em Portugal. E fica bem em frente ao mosteiro. Talvez uma das áreas mais agradáveis de Portugal. Gostei daqui.
O dia termina comprando vinhos no.... supermercado, oras. Onde mais poderia ser? Dali pra casa. Mais um dia em Portugal. Menos um dia de férias. E começa a DPV, ou, depressão pré viagem. Eu gosto de voltar pra casa, mas eu gosto mais de estar de férias...
Publicado por Akemi Nomura 17:03 Arquivado em Portugal