Matosinhos x Maia

Bom dia! Acabei dormindo super tarde! E assustei quando acordei e vi que eram quase 11h. Pior, nem consegui levantar rápido porque não ouvia movimento lá fora. Deixa eu ficar quietinha aqui. Deu um tempinho e desci. Carlinhos já estava lá embaixo. Dona Neuza e seu Mikio dormiam o sono dos justos. Gente, eu meio que fiquei chocada com o que eu via pela janela. Uma neblina horrorosa, não dava pra ver o mar, estava um friiiiio e a praia estava cheia. Meu, "as nega tava" de biquini tomando um sol imaginário, só pode. Surreal!!!!

Depois de esperar um "bocadinho" Carlinhos me chamou pra irmos comprar algo pra comer. Tem um supermercado aqui na frente, bora lá. Quem me viu e quem me vê... Lendo rótulo dos produtos pra escolher o suco certo, iogurte sem gordura e sem açúcar, pão integral, gelatina light, não comprei refrigerante... Devo ter sido abduzida e trocada por uma versão fit, hahaha. Descobri que pão com manteiga aqui chama "brasileiro". Estranho esse negócio de comer "um brasileiro", não? Hahahahahaha...

Pouco depois a neblina se dissipava e já era possível ver o mar. E a bela vista da janela...

Bom, voltamos pro apê e o movimento era zero. Já eram quase 13h, ou seja, metade do dia foi embora. Tinha que dar uma trégua, afinal, eram 9h no Brasil. Aos poucos as coisas foram se movimentando. E quando se viaja em grupo, não adianta, o processo é lento. Foi terminar e comer e "Partiu Maia". Mas antes, uma pequena parada numa loja aqui pertinho de casa. Chama "Mais que Cuidar". Quando a gente viaja com idoso alguns cuidados devem ser tomados no caso dele não ter forças para caminhadas. Essa loja a gente conheceu lá em Lisboa. Nós alugamos uma cadeira de rodas pra viagem. A gente paga 15 euros na retirada e um aluguel de 1,5 euros por dia. O engraçado é que dois anos atrás alugamos pelo mesmo valor lá em Lisboa. Cadeira alugada, dessa vez sem trabalho pra por no carro como em Lisboa.

Agora sim partiu Maia. Maia é uma freguesia que pertence ao Distrito do Porto e tem 40 mil habitantes. Fica a cerca de 14km de Matosinhos. A história de Maia guarda vestígios do Paleolítico. Mas, pela primeira impressão nada de interessante. Fomos para Maia pela questão da hemodiálise. Explico: existe um intercâmbio do Brasil com Portugal em que os viajantes que tem doença renal podem fazer o tratamento enquanto estiverem viajando nesses países sem custo. Porém nem todas as cidades aceitam o documento emitido pelo Ministério da Saúde. O local mais próximo que aceitava era Maia, então cá estamos nós. Aqui funciona uma clínica da Fresenius. A ideia era saber se tava tudo certo. As clínicas de Portugal estão entre as melhores da Europa nesse quesito. Fomos recebidos pela enfermeira chefe que foi um arraso de simpatia. Falava pelos cotovelos, haha. E quem conhece meu primo sabe que no assunto falar ele é bom também. Aí já viu... Hahahahahaha....

Bom, teve que rolar uma pausa pois já estava tarde e almoçar era bom né? Mas já eram quase 17h, então era difícil achar um almoço de verdade numa cidade de 40 mil habitantes no interior de Portugal. Paramos num canto qualquer e pedimos qq coisinha mesmo. Pra ter uma ideia, quatro pessoas almoçaram por 8 euros. Coisa boa não podia ser, né? Paramos num lugarzinho pra pegar um lanchinho pro daddy levar pra diálise e voltamos pra clínica. Começava às 18h, deixamos ele lá e a enfermeira show de simpatia Leonilde resolveu nos chamar pra falar de Portugal. Mais do que isso, a nega fez um roteiro pra gente, acreditam? Tenho tanta preguiça de roteiro gente. É tão bom quando tem alguém pra fazer isso pra mim, hahahaha. Agora é tentar cumprir. Uma parte eu não vou cumprir, com certeza. Ela disse que não é pra fazer dieta em Portugal. Vai sonhando nega... Hahahahahaha....

Segue roteiro:

Deixamos papito lá e depois de sairmos do bate papo com Leonilde resolvemos voltar pra passear em Matosinhos. A região estava bombando! Hoje tinha uma festa na praia e começava chegar bastante gente. Sugeri passar no Pingo Doce pra comprar o que faltava e subir no apê pra guardar as coisas. Pra quê? Foi subir no apê pra fazer isso, fazer aquilo... Era pouco mais de 20h e nada... Dia perdido? De jeito nenhum. Uma das coisas que eu mais amo em qualquer viagem é ver o por do sol. E vi lindos por aí.... O mais apaixonante sem dúvida ainda é o da Califórnia por toda uma junção de fatores. Mas o fim de dia dourado que eu vi da sala do apê foi espetacular.

Bora então dar uma caminhadinha na rua, na praia, no bairro, em Matosinhos. A praia estava cheia, a festa se armava, um ventinho frio, um ambiente agradável. A praça da anêmona iluminada, pessoas de todos os cantos, um lado mais despojado de Portugal. Vamos parar um dia aqui com papai e seguir e conselho de Leonilde: comer peixe.

Bora buscar o velhinho. Tadinho, dá mó dó deixar ele lá na clínica. Ainda mais sabendo como ele odeia fazer hemo. Esperamos ele sair, era de partir o coração ver como ele sai abatidinho lá de dentro. Estava tontinho, tontinho. Deve ser muito punk mesmo. Por outro lado me enche de orgulho ver o que ele encara pra não deixar de fazer o que ele gosta. Saindo da clínica vi uma mensagem tão bacana. É como um lema, uma missão. Quem sabe um dia o órgão onde eu trabalho adote como filosofia? Não custa sonhar...