Uyuni
Finalmente o Salar
22.10.2019 - 22.10.2019
11 °C
Visualizar
2019 Atacama e Uyuni
no mapa de viagens de Akemi Nomura.
Definitivamente não dormi bem essa noite, acordei várias vezes. Acordar cedo não é problema pra mim mas dormir picadinho assim é terrível. Essa noite fez -8 graus. O aquecedor do quarto é fraco. Foi bem difícil levantar. Eu fui trocar de roupa e a cada peça que eu colocava eu deitava embaixo das cobertas para esquentar e descansar. Estamos a 4600m de altitude e até trocar de roupa é um esforço excessivo. Fui chamar as meninas pra tomar café e Rosana estava com outra cara. Nada como uma sessão extra de oxigênio. Parecia outra pessoa, ontem ela nem falava. Descemos pro café da manhã e pudemos apreciar a vista do deserto. Cara, o hotel é simples, mas se hospedar na meio do deserto do Atacama é uma experiência de vida. Pensa na vista do restaurante...
Hoje começamos o dia nas lagunas altiplânicas bolivianas. A altitude é de cerca de 4100m. Descemos um pouco pra chegar aqui. Mas ainda estamos muito alto. Fizemos uma primeira parada na laguna Honda. É uma laguna de água salgada e profunda. Primeira coisa que nos chamou a atenção foram os flamingos no meio do lago. A Karen disse que eles estavam juntos e não saíam dali porque o lago congelou. Com o sol subindo o gelo derretia e eles saíam dali. Que dó gente! Eles tem o corpo adaptado pra temperaturas baixissimas. Tinham umas pedrinhas ali que formavam um pequeno portal. Com um jogo de perspectiva o Wladimir tirou uma foto massa.
A segunda laguna chama laguna Hedionda (fedida). Esse nome se dá por causa do cheiro de enxofre ali. Mas é a laguna com mais flamingo que vimos. Tinha muito flamingo ali. A laguna é rasa e os flamingos são mais acostumados com pessoas. Claro que não interagem mas não fogem se chegarmos próximo. Falamos baixo ali pra não assustar. Tem três espécies de flamingo ali e deu pra tirar umas fotos massa!
Deixa eu quebrar essas fotos pra não ficarem tudo junto. Não consegui selecionar, como deu pra perceber, hehe.
A terceira laguna chamava laguna Cañapa. Aqui estamos a 4300m de altitude. Paramos primeiro no banheiro. Nunca perca a oportunidade de ir ao banheiro no deserto. Não pode ter nojinho porque a estrutura é bem simples. Não encoste em nada e um álcool em gel sempre a mão. Ainda temos que pagar 5 bolivianos. Depois descemos até o lago pra tirar fotos. Uma das fotos mais maneiras da viagem foi aqui!
Fizemos uma parada pra ver um dos vulcões ativos da região. A última explosão foi a milhões de anos atrás. A altitude aqui são 4000m. As pedras vermelhas ali foram resultado de lava vulcânica. Dali a gente via a fumacinha saindo do vulcão.
Hoje de manhã eu acordei com uma pressãozinha na cabeça. Não sei se foi porque levantei de madrugada pra beber água muito rápido. Mas agora começou uma pequena dor de cabeça e um pouco de enjoo. Sem dar chance pro azar tomei logo o sorocji que não tinha tomado de manhã. Tínhamos umas dias horas até a parada pro almoço. Cochilei uns 40 minutos e acordei revigorada.
No caminho passamos por algumas comunidades no deserto. São pequenas vilas no meio do nada. Foi numa dessas que paramos pra almoçar ontem e hoje paramos em outra dessa, a vila Candelária. Antes de chegar na vila tivemos a primeira visita do Salar. Mas paramos numa pequena hospedagem pra almoçar antes. Ali as paredes eram de sal, os bancos eram de sal, as mesas eram de sal, no chão tinha sal... muito legal. A comida é simples mas gostosa.
Na hora do almoço a Karen nos disse que teve eleição na Bolívia. Durante a apuração dos votos que era transmitida ao vivo dois candidatos (Evo Morales e o da oposição) estavam empatados. Porém quando mais de 80% dos votos tinham sido apurados a transmissão foi cortada. Quando retornou já tinha 95% apurado e Evo Morales estava liderando com folga. Algumas manifestações começaram a acontecer na cidade e se espalhava pela Bolívia. Parece que onde a gente vai começa uma revolução. Ô louco!
Chegamos ao ponto alto da viagem, o Salar de Uyuni. Não paga entrada. Pelo que eu entendi tem um tipo de pedágio. Mas não somos nós que pagamos (ou melhor, já deve estar no valor do passeio). Uyuni já foi um lago de água salgada de 150m de profundidade. Mede 150km de leste a oeste e 50km de norte a sul. Hoje o salar tem 110m de profundidade. Tipo, eu sabia que Uyuni era o maior salar do mundo, mas eu não imaginava que fosse tanto. A Karen nos disse que não pode andar em qualquer lugar do Salar porque o carro pode afundar. Também não sabia disso. A parte central é onde é mais compacto. Outra coisa que a Karen disse foi que as montanhas que cercam o Salar são as referências para os motoristas. Quando o tempo está ruim e não é possível ter visibilidade das montanhas não deve-se entrar no Salar pois a pessoa se perde. Ou seja, é bom procurar saber mais ou menos uma época boa. Entramos por uma parte mais escura mas depois nos dirigimos a parte central. O que dizer dessa primeira vista? Uauuu!!!!
Existem 26 ilhas no meio do salar. Essas “ilhas” foram montanhas cobertas pelo sal ficando hoje só o topo. Uma dessas ilhas fica bem central. Chama ilha Incauhasi. Da entrada até a ilha são 45km dentro do salar. Ali a gente pode subir pra ter uma visão de 360 graus do salar. Tem que pagar entrada de 30 bolivianos. Mas antes de subir não tem como não falar dos cactos: enormes! Esses cactos crescem um centímetro por ano. O maior atualmente tem 8 metros, ou seja, 800 anos. A ilha já teve um cacto de 12 metros. Já imaginou?
Bom, o sol estava quente, o frio da manhã já tinha ido embora. Estava uma temperatura fresca, digamos assim. Em situação normal seria um pouco frio mas ali se tornou até um pouco quente. Começamos a subir a ilha. Assim, não era uma subida por escada, eram pedras. Eu e meu medo de altura e queda.... aiai. Paramos para umas fotos e continuamos devagar e fazendo paradas na sombra para recuperação. Mais fotos.... deixava o povo que vinha atrás me passar porque eu odeio pressão, hehe. Ainda não podia olhar pra trás senão a altura me travava. Pra ajudar estávamos a 3660m de altitude. O gente, é muito desafio pra um ser tão limitado como eu! Chegou uma hora que eu tinha decidido voltar. Não por cansaço mas por medo. Não era difícil mas eu sou limitada mesmo... hehe. Rosana que estava bem cansada por conta da altitude ia voltar pra não passar mal como ontem mas decidiu continuar. Ela me estimulou a continuar porque o caminho era largo (não parecia de onde eu estava). Chegou num ponto pra mim que a dificuldade não era a subida, o esforço, a falta de ar da altitude, era o medo! Faltava acho que uns 15% e Rosana desistiu. Eu fiquei na dúvida. Tava com medo da descida. Gabi foi. Mamãe queria ir. Bom, já cheguei até aqui então fui. Preferi não pensar em como ia ser a descida. Cheguei! Uau!!!!!
Gente, eu já falei isso mas vou repetir. Eu não tinha ideia da imensidão do salar. É deslumbrante aquele deserto branquinho a perder de vista. Você para e fica olhando pra cada canto, cada pedacinho. Lá de cima você vê os carros pequenininhos indo e vindo. Estávamos lá tirando foto e Rosana me aparece. A nega subiu!!!!! Pronto, grupo completo, missão cumprida!
Aí veio o meu maior medo, a descida. Usei o que eu tinha de melhor em mim que era força nas pernas. Era como fazer passada sem barra nas costas e sempre olhando pra baixo onde eu ia pisar. Confesso que desci com medo mas foi só um pedaço. Depois ficou fácil. Se fosse pra descer pelo lado que a gente subiu seria tenso. Era muito mais difícil. Mas por ali foi de boas. Cheguei lá embaixo e a Karen disse que eu superei meu medo: alto lá índia andina! Eu enfrentei o medo agora superar ainda falta um bocado, hehe.
Pausa pra ir pro banheiro porque nunca se perde uma oportunidade de ir ao banheiro quando se está no deserto. Ainda mais quando já está incluso na entrada. Lembrando que estamos em altitude e a subida foi um esforço enorme. Algumas pessoas não sobem por não ter condições físicas. Outras por preguiça mesmo. Nós subimos! Nós somos demais!
Partimos pelo Salar afora. Sem ideia de qual direção estávamos indo. Só fomos! Passamos por uns carros parados e o pessoal tirando foto. Andamos bastante pelo salar ao ponto de não ver mais carro nenhum. Aí paramos pra uma sessão de fotos. A Karen usou toda criatividade e fizemos fotos bem divertidas! Aproveitamos para literalmente experimentar o sal direto do salar. Experiência, digamos, diferente. Tiramos mais fotos já que a sensação é que o salar era só nosso. As formas hexagonais chamavam a atenção para obra de arte esculpida pela mãe natureza. Coisa mais linda!
Terminadas as fotos clássicas no salar fomos em direção ao hotel Playa Blanca. Era um hostel desativado dentro do salar. Esse foi o primeiro hotel de sal do mundo. Teve um problema grave de saneamento o que causou um problema ambiental. A má gestão levou ao seu fechamento. Na frente tem uma “praça das bandeiras” onde turistas do mundo inteiro levam a bandeira de seus respectivos países ou mesmo de times de futebol.
Partiu por do sol! Se tem algo que eu curto nessas viagens é desfrutar de ao menos um por do sol. Já foram tantos por aí. Partimos em busca do local ideal no salar. Em época de chuva quando o salar fica com uma pequena camada de água é possível fazer aquela famosa foto do reflexo. Mas hoje tinha pouca água. Mas tudo bem, deu pra tirar umas fotos bacanas e brindar o por do sol, brindar a amizade, brindar a vida!
Eu nem gosto de por do sol, rs.
Depois de encarar o frio e o vento pra ver um por do sol espetaular as cores mudavam ao fundo. O branco do salar parece ter ficado mais branco. Parecia neve!
Depois de um dia bem aproveitado fomos pro hotel. O hotel fica praticamente dentro do Salar. É um dos melhores hotéis da região (se não for o melhor). Mais um que não é só uma estadia, é uma experiência. É um hotel todo feito de sal. É sal do chão ao teto. Mesas, poltronas, decoração.... Dessa vez não tinham restrições quanto à energia. Banho quente em qualquer horário, sinal de wifi bom, sem horário pra desligar as tomadas... Super legal! Primeira coisa ao chegar no quarto foi correr pra janela e ver o fim do por do sol.
Estava bem frio lá fora mas a gente não ia sair mesmo. Tomei um bom banho quente e aproveitei pra lavar o cabelo. Depois fomos jantar. Todas as refeições estavam inclusas no passeio. Era uma comida diferente mas estava ok. Depois ficamos de bobeira num dos ambientes comuns do hotel mas por pouco tempo. Depois era hora de curtir o aquecedor do quarto!
Publicado por Akemi Nomura 03:52 Arquivado em Bolívia